Com um alcance que envolve mais de 3 bilhões de pessoas ao redor do mundo, os games, uma vez muito criticados e considerados um mal para a sociedade, se tornaram parte do cotidiano moderno.
De jogos simples e casuais que servem como distração no caminho para o trabalho até experiências mais longas que superam os filmes mais mirabolantes, é quase impossível encontrar pessoas que não estejam envolvidas com esse universo maravilhoso.
Seguindo esse sucesso, não é surpresa que muitos aspirantes a desenvolvedores de jogos sintam vontade de entrar nesse mercado extremamente competitivo. No entanto, uma das dúvidas mais comuns entre os iniciantes está relacionada à parte técnica: qual seria a melhor linguagem de programação para jogos?
Ao longo desse artigo, iremos explorar 7 linguagens diferentes e populares, mostrando suas principais características (tanto positivas quanto negativas) e como elas se encaixam no cenário de desenvolvimento de jogos.
Qual é a melhor linguagem de programação para jogos?
Como mencionado na introdução, essa questão é um dos dilemas mais comuns enfrentados por iniciantes na área. No entanto, a resposta para essa pergunta não é tão direta quanto gostaríamos! A escolha depende de uma série de fatores, como o tipo de jogo que você está desenvolvendo, a plataforma para qual você pretende lançá-lo, e até mesmo das suas preferências pessoais.
Ou seja, não existe uma resposta única! O segredo está em compreender as características únicas de cada linguagem, suas aplicações, e decidir por si só qual a melhor para o seu projeto específico.
Vamos falar de 7 das mais populares linguagens de programação utilizadas na área de games:
C#: o “queridinho da academia”
Pronunciando “C Sharp”, o C# é uma linguagem de programação desenvolvida no ano de 2000 pela Microsoft. Apesar de não ser exclusivamente voltada para jogos, a linguagem se tornou uma das mais populares na áreas dos games. Um dos fatores que mais contribuiu para sua hegemonia é seu uso no Unity, uma game engine (ou motor de jogo) versátil e extremamente popular que desenvolvedores usam para criar jogos dos mais variados tipos.
O C# é considerado uma linguagem de nível médio-fácil – ela conta com uma sintaxe amigável e fácil de aprender, tornando-se uma escola excelente para programadores iniciantes. O C# também é orientada a objetos, característica que, quando utilizada corretamente, deixa a base de código muito mais limpa e organizada.
No entanto, em jogos em que ter o máximo de desempenho possível é crucial, o C# pode deixar um pouco a desejar em comparação com linguagens que operam em nível mais baixo, como o C++. Outra coisa a se considerar é que seu uso se limita a plataformas que suportam .NET, fator que pode ser uma desvantagem para desenvolvedores de jogos para várias plataformas.
C++: complexo, mas extremamente eficiente e flexível
Com uma história que remonta ao início dos anos 1980, o C++ é uma linguagem de programação amplamente utilizada para desenvolvimento de software e jogos. Seu desempenho excelente, alta velocidade, e capacidade de controlar manualmente os recursos do computador a torna uma escolha popular para desenvolvimento dos jogos mais esperados. Outro ponto positivo do C++ a liberdade concedida ao programador com sua flexibilidade.
No entanto, assim como C, linguagem na qual o C++ se baseia, ele apresenta curva de aprendizado bastante íngreme para iniciantes. Os conceitos aprendidos em um curso introdutório de C/C++, como tipagem estática, alocação dinâmica de memória, e manipulação de ponteiros, podem ser elusivos à primeira vista, mas nada que estudo e dedicação não resolvam.
Além disso, programas criados em C++ costumam requerer mais linhas de código em comparação com linguagens com maior grau de abstração, que pode tornar o processo de desenvolvimento mais longo e criar mais pontos de falha em potencial.
Apesar de tudo isso, o C++ está presente em várias game engines como Unreal, CryEngine, e Open 3D Engine (O3DE), além de ser uma opção oficial para desenvolvimento no Godot.
Java: tradicional, versátil e onipresente
O Java é uma linguagem de programação orientada a objetos que está entre nós desde a década de 1990. Ela é bastante conhecida por ser a tecnologia por trás de vários aplicativos e servidores, mas ela também encontra um espaço dentro da indústria de games.
Um dos pontos mais positivos do Java está em sua portabilidade. Ou seja: é possível criar um jogo para a plataforma Android e, com poucas alterações, torná-lo compatível com desktops (PCs) e até mesmo consoles (como o PlayStation e o Xbox). Isso se dá pelo fato de ser uma linguagem interpretada, não dependendo do sistema operacional para realizar suas operações.
Outro aspecto crucial é seu gerenciamento automático de memória: não é necessário alocar e liberar memória de forma manual como acontece com C++. No entanto, isso pode ser uma faca de dois gumes por aumentar ainda mais o consumo de memória e causar quedas inoportunas de desempenho em jogos mais pesados.
Por ser uma das linguagens mais populares do mundo, o Java também conta com uma comunidade imensa e uma variedade de bibliotecas maior ainda, fatores que podem acelerar o processo de aprendizado e criação de jogos.
Seu desempenho deixa a desejar em jogos que requerem alto desempenho, mas ainda é uma escolha perfeitamente viável para jogos mais simples – Minecraft, por exemplo, foi feito completamente em Java e segue sendo um sucesso de vendas.
Swift: feita para aplicativos do iOS
Desenvolvida pela Apple em 2014, o Swift surgiu como alternativa ao Objective-C, a principal linguagem utilizada para criar aplicativos e jogos para iOS. Ela oferece uma sintaxe moderna e mais limpa em comparação ao seu antecessor, além de ser mais fácil de usar. Além disso, por ser uma ferramenta própria da Apple, sua integração com o ecossistema iOS é incrível.
Em outras palavras, se você pretende desenvolver jogos exclusivamente para iOS, Swift é uma escolha excelente já que o suporte nativo para outras plataformas é bem limitado. Também é importante mencionar como o foco principal do Swift está na criação de aplicativos, o que pode complicar a jornada de desenvolvimento para jogos mais complexos.
Python: fácil de aprender e excelente para protótipos
Python é uma linguagem de programação muito conhecida por sua simplicidade e legibilidade. Sua comunidade é uma das maiores, sendo a terceira linguagem de programação mais utilizada no mundo segundo o portal Statista, então encontrar recursos e pessoas dispostas a ajudar não é difícil.
Embora não seja a escolha mais comum para desenvolvimento de jogos, o Python é encontrado com bastante frequência em jogos indie mais simples e em protótipos usados para testar mecânicas de jogo.
A sua linguagem extremamente acessível e a quantidade enorme de recursos gratuitos disponíveis para aprender Python e suas bibliotecas a torna uma excelente escolha para desenvolvedores iniciantes. Existem bibliotecas que focam na criação de jogos, como o PyGame, agilizando muito o processo de desenvolvimento.
Além disso, Python é a linguagem de escolha para profissionais que trabalham com ciência de dados e tecnologias relacionadas à inteligência artificial. Ter um bom entendimento de Python possibilita a criação de um sistema de aprendizado de máquina (machine learning) próprio, que pode tornar o universo do seu jogo muito mais vivo, dinâmico, e realista.
Apesar disso, o desempenho de Python deixa bastante a desejar quando comparado com linguagens de nível mais baixo, como C++ ou mesmo C#. Por isso, o Python não é a melhor escolha para jogos mais pesados. Além disso, grandes estúdios de jogos não costumam usar muito o Python no desenvolvimento, o que limita as oportunidades de emprego para essa linguagem.
Lua: linguagem para criar scripts
Conhecida por sua eficiência, simplicidade, e elegância, Lua é uma linguagem de script leve e de alto desempenho. Embora não seja uma linguagem de programação principal para a criação de jogos, Lua é amplamente utilizada na indústria dos games: os scripts que controlam eventos e comportamentos de forma dinâmica dentro do jogo de forma automática são escritos com a linguagem.
Fora desse contexto, também é possível encontrar a linguagem nas várias experiências do Roblox, que podem servir como uma introdução à área de desenvolvimento de jogos. No entanto, a linguagem encontra aplicação limitada para quaisquer outros fins, ficando restrita a funções específicas dos jogos e programas mais simples.
JavaScript e similares: excelentes opções para jogos de navegador
Por fim, o JavaScript é uma linguagem de programação amplamente utilizada no desenvolvimento web. Quase todas as páginas hoje em dia utilizam o JavaScript (ou alguma linguagem similar) junto a HTML e CSS para adicionar funcionalidades a página da web, como menus interativos e botões que modificam a estrutura da página de alguma forma.
A principal área do JavaScript se encontra no desenvolvimento de jogos web – Cookie Clicker, um dos fenômenos mais bombásticos de 2013, foi feito inteiramente em JavaScript em menos de um dia.
A linguagem é suportada por todos os principais navegadores, tornando-o uma escolha maravilhosa para jogos web que visam atingir o maior público possível. Além disso, existem bibliotecas, como o Phaser (responsável pelo Vampire Survivors) e Three.js, que facilitam o processo de desenvolvimento de games.
No entanto, o JavaScript apresenta desempenho limitado para jogos 3D mais complexos que apresentam gráficos mais pesados. Além disso, seu foco está no mercado de jogos de navegador, fator que pode restringir bastante seu alcance em comparação com games convencionais.
Conclusão
Em suma, a busca pela “melhor” linguagem de programação para jogos é uma tarefa complexa e provavelmente infinita. Cada uma das linguagens acima mencionadas – C#, C++, Java, Swift, Python Lua, e JavaScript – possui seu lugar e propósito na indústria de jogos. Fato é que não existe uma solução universal, mas sim uma imensidão de ferramentas à disposição dos desenvolvedores.
A escolha da linguagem deve partir das necessidades específicas do projeto, do desempenho desejado, das plataformas para as quais ele será lançado, e das preferências da equipe. É também importante ponderar as vantagens e desvantagens de cada linguagem, suas capacidades, e bibliotecas disponíveis antes de tomar uma decisão.
No fim, é possível criar jogos incríveis em qualquer uma dessas linguagens – e inclusive outras menos populares – pois basta dedicação, habilidade, e paciência.
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